Uma fêmea de lince-ibérico, de dois anos, foi encontrada morta, com sinais de atropelamento, na A22, próximo de Olhão.
Nascida no Centro de Reprodução em Cativeiro em Silves, a fêmea, de nome Niassa, tinha sido libertada na área de reintrodução do Vale do Guadiana em 2017, onde outros linces estabilizaram já território.
“O animal realizou vários movimentos percorrendo uma área alargada como é habitual na fase exploratória a seguir à libertação e antes de estabilizar um território. Desde o final do verão de 2017 que Niassa deixou de ser detetada na área de reintrodução, quer por emissão de sinal, quer por foto-armadilhagem, sendo dada como desaparecida”, informou o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), num comunicado enviado à Lusa na quinta-feira.
A fêmea de lince-ibérico foi encontrada na manhã do dia 14 de abril por um técnico do ICNF, no separador central da A22 no sentido Tavira/Olhão, junto a uma área de matos.
“A fêmea apresentava boa condição corporal, com um peso de 11 quilos, mas sem vestígios de gestação. O procedimento de necropsia do animal e realização de análises complementares que se vão seguir pode trazer mais informação às circunstâncias em que sucedeu esta baixa na população de lince”, acrescenta.
O ICNF explica que, à semelhança de outros linces imaturos, Niassa estaria em fase de dispersão como é comum verificar-se nos exemplares subadultos dos grandes carnívoros selvagens, que outrora apresentavam uma distribuição histórica alargada na Península ibérica.
“O fim da dispersão de cada indivíduo depende de vários fatores, como encontrar uma boa abundância de coelho bravo, áreas tranquilas de refúgio e também indícios de presença de outros congéneres. Neste caso, a jovem lince terá atravessado áreas de habitat desfavorável, sendo impelida a transpor estradas, que acabam por ser uma das principais causas de mortalidade da espécie, em particular as redes viárias de grande velocidade, no caso, as autoestradas”, frisa.
Este foi o quarto atropelamento de lince-ibérico em território nacional desde o início do processo de reintrodução, nos últimos três anos, sendo que apenas dois dos animais tinham sido libertados no Guadiana.
Fonte: JN