Andaluzia regista máxima abundância de linces desde 2002

Lince-ibérico - JUNTA DE ANDALUCÍA

O número de linces-ibéricos que vivem em liberdade na Andaluzia cresceu em 2009 atingindo os 223 animais, o que representa um “novo máximo na história recente deste felino”, o mais ameaçado do planeta, segundo informou a responsável pelo pelouro do Ambiente na Junta de Andaluzia, Cinta Castillo.

Para além do aumento do número total de animais da população, Castillo salientou a “melhoria substancial” sofrida pelos dois núcleos principais da Andaluzia, em Doñana e Sierra Morena, onde se contabilizaram um total de 63 e 160 exemplares, respectivamente, o que representa também, segundo fez questão de enfatizar, um máximo desde que se iniciaram os censos em 2002, algo que foi acompanhado pelo crescimento “homogéneo” das populações e pela ligação de núcleos dispersos dentro de uma mesma zona.

Além do mais, segundo fez questão de salientar a responsável, “não se coloca de parte a hipótese de que possa aparecer ainda alguma fêmea com crias, pelo que os dados são provisórios”.

Utilizando como referência o censo realizado em 2004, Castillo destacou os dados obtidos na Sierra Morena, onde se registou um “crescimento superior a 100% no que diz respeito ao número total de linces”, passando-se dos 78 contabilizados em 2004 para os actuais 160; um aumento de 74% no número de fêmeas territoriais, que subiu de 23 para 40, e de 55% no total de crias, que passou de 31 para as actuais 48.

Para além disso, a responsável da Consejería de Medio Ambiente da Andaluzia informou que a população do rio Yeguas e a do rio Jándula, anteriormente isoladas, entraram em contacto recentemente como resultado das acções levadas a cabo pela Consejeria para a melhoria do habitat e o incremento de coelhos, a principal presa do lince.

No que diz respeito ao espaço natural de Doñana, a responsável de Medio Ambiente informou que se observou um crescimento populacional de 50% relativamente ao ano de 2004, passando-se de 42 para os actuais 63 linces, com um notório incremento de 90% no número de crias – de 11 para 21 actualmente – e de 23% no número de fêmeas territoriais contabilizadas, que de 13 subiram para um total de 16, depois da morte de duas fêmeas, “Centaurea” e “Bruma” , na semana passada na reserva por razões que ainda se desconhecem.

Cedência de linces a Portugal

Castillo anunciou estes números em Silves, Portugal, onde hoje mesmo “Calabacín” e “Eón” se tornaram os dois últimos exemplares de lince-ibérico provenientes da Andaluzia a chegar ao centro de reprodução em cativeiro, localizado nesta localidade portuguesa.

Com estes animais completa-se a cedência de 16 felinos contemplada no Protocolo assinado pelo Ministerio de Medio Ambiente, Medio Rural y Marino de Espanha e o Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, cujo objectivo é iniciar no país vivinho um programa de reprodução semelhante ao andaluz e proporcionar exemplares para futuras reintroduções no meio silvestre.

Os linces trasladados nesta altura são dois machos que fazem com que o balanço final dos dois sexos penda para o seu lado, com 11 machos e 5 fêmeas. O “Calabacín”, que nasceu na Sierra Morena em 2005, converte-se num dos linces mais velhos a ser entregue pela Consejería de Medio Ambiente, ao passo que “Eón” é um macho subadulto que nasceu em cativeiro em 2008.

De acordo com a Consejería de Medio Ambiente, a cedência de todos os exemplares completou-se “sem incidentes” em pouco mais de um mês, o período decorrido desde que no dia 26 de Outubro a fêmea “Azahar” se tornou o primeiro lince a estrear as instalações do novo centro de reprodução de Silves.

Todos os linces descendem geneticamente da Sierra Morena – nove exemplares – e Doñana – sete exemplares –, que constituem actualmente as únicas populações viáveis deste felino existentes da Península Ibérica.

Segundo informou Castillo, apenas quatro dos exemplares cedidos a Portugal nasceram em liberdade, ao passo que os restantes provêm dos centros andaluzes de reprodução em cativeiro, assegurando que os “bons resultados da reprodução em liberdade asseguram que a extracção de linces do meio natural não prejudica as populacionais das quais foram seleccionados”.

Tal como recordou a responsável, todos os linces foram seleccionados de acordo com critérios de adequação genética com a intenção de que a sua reprodução proporcione exemplares óptimos para levar a cabo reintroduções no meio natural, que é o objectivo final desta iniciativa conjunta de conservação.

De momento, os linces trasladados evoluem “positivamente” na fase inicial de adaptação ao seu novo lar. Não obstante, a intenção das autoridades portuguesas é que dentro de 3 anos contem com uma população suficiente para iniciar as reintroduções.

Por outro lado, Castillo destacou que na Andaluzia já se prepararam duas antigas zonas de ocorrência da espécie, nas envolventes dos rios Guadalmellato (Córdoba) e Guarrizas (Jáen), para levar a cabo as primeiras libertações ainda este ano de forma experimental, pelo que a selecção do espaço natural ideal em território português decorrerá com a ajuda de técnicos e peritos andaluzes.

Segundo relembrou, este é um dos termos acordados no âmbito do protocolo assinado no passado mês de Julho, em que a Consejería de Medio Ambiente não se limita a ceder os exemplares, comprometendo-se também a desenvolver várias acções de assessoria para promover o sucesso da conservação do felino.

Fonte: Europa Press

 

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