“Quando as populações reintroduzidas e existentes em Espanha e em Portugal se interligarem entre si vão fortalecer a própria genética”, acreditam os técnicos.
A cooperação entre Portugal e Espanha é “essencial” para a reintrodução e o restabelecimento de lince-ibérico na natureza na Península Ibérica, que são “conciliáveis” com várias actividades, como a caça e a agropecuária, segundo uma associação.
“O trabalho de cooperação e de intercâmbio de conhecimentos e experiências entre Portugal e Espanha, a nível técnico e entre populações das zonas abrangidas, é essencial para o processo de reintrodução do lince na Península Ibérica”, disse nesta segunda-feira à Lusa a técnica de educação ambiental da Associação de Defesa do Património de Mértola (ADPM) Nídia Fernandes.
A cooperação entre os dois países “também é essencial e deve ser total para o restabelecimento do lince-ibérico na sua área de distribuição original”, a Península Ibérica, porque a espécie “não vê fronteiras” e quando as populações reintroduzidas e existentes em Espanha e em Portugal se interligarem entre si vão fortalecer a própria genética”, frisou.
A responsável falava após uma equipa de agentes dos concelhos de Serpa e Mértola, no distrito de Beja, abrangidos pela reintrodução de lince-ibérico em Portugal, como caçadores, agricultores, empresários turísticos e técnicos autárquicos, terem visitado duas quintas na zona do rio Guadalmellato, na província de Córdoba, na região espanhola da Andaluzia, onde, desde 2009, foram reintroduzidos e existem núcleos populacionais de lince-ibérico.
Durante a visita, os agentes portugueses falaram com técnicos espanhóis do projeto Life+Iberlince, elementos da Agência do Ambiente da Junta de Andaluzia e proprietários das duas quintas, que partilharam conhecimentos das suas “valiosas experiências” de oito anos com a reintrodução de lince-ibérico na zona do rio Guadalmellato, explicou Nídia Fernandes.
Os técnicos e proprietários espanhóis “deram uma visão bastante positiva e passaram informações muito importantes sobre a experiência de reintrodução do lince-ibérico” na zona do rio Guadalmellato e sobre como conviver com uma espécie predadora, disse a técnica.
Da informação passada, percebeu-se que “é perfeitamente possível conciliar a reintrodução e o restabelecimento de lince-ibérico e a convivência com exemplares da espécie com várias actividades económicas”, como a caça, a agricultura e a agropecuária”, disse.
“E o trabalho de intercâmbio de experiências, que os proprietários da zona do rio Guadalmellato também fizeram com os de outras zonas de Espanha onde o lince tinha sido reintroduzido primeiro, também é fundamental e ajuda muito a perceber o que pode implicar a convivência com a espécie e que tipo de medidas é preciso desenvolver”, defendeu.
A visita desta segunda-feira fez parte e marcou o fim do projecto “Guadilince”, promovido pela ADPM em colaboração com o Parque Natural do Vale do Guadiana e o Projeto de Recuperação da Distribuição Histórica do Lince-Ibérico em Espanha e Portugal “LIFE+Iberlince”.
O “Guadilince” também incluiu ações de sensibilização das populações e das comunidades escolares dos concelhos de Mértola e Serpa para a importância da reintrodução do lince-ibérico na região do Vale do Guadiana, como uma exposição, uma peça de teatro, sessões de conversa com populações e dinamização de jogos e materiais educativos para escolas.
Fonte: Público