Um total de 12 crias compõem as três primeiras ninhadas de lince-ibérico nascidas este ano no Parque Natural do Vale do Guadiana, no Alentejo, a área de reintrodução da espécie em Portugal.
As três ninhadas, cada uma com quatro crias, foram geradas pelas fêmeas Mirandilla, Malva e Jacarandá, refere o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), num comunicado enviado à agência Lusa.
O ICNF espera que outras cinco fêmeas possam ter-se reproduzido com sucesso e que o número de crias de lince-ibérico a nascer no Parque Natural do Vale do Guadiana, no concelho de Mértola, no distrito de Beja, venha a atingir os 20 exemplares este ano.
A ninhada de Mirandilla, que já foi reprodutora em 2017, foi detetada por fotoarmadilhagem e admite-se que a fémea tenha acasalado este ano com Navarro, um macho de dois anos que já nasceu em liberdade e com quem partilha uma parte do território.
Caso se confirme a paternidade de Navarro, “será o primeiro caso de reprodução de um lince já nascido no Vale do Guadiana e estaremos em presença de uma segunda geração da espécie nascida no campo em território português”, frisa o ICNF.
Já a ninhada de Malva foi confirmada pela equipa de seguimento do ICNF e apresenta “aspeto robusto e saudável, captado pelas câmaras de vídeo dispostas no terreno”.
A paternidade da ninhada de Malva deve pertencer a Mundo, um macho oriundo da área do Parque Nacional de Doñana, em Espanha, “garantindo-se, assim, um fluxo genético entre a população de linces” daquele e do Parque Natural do Vale do Guadiana.
Às ninhadas de Mirandilla e Malva junta-se a de Jacarandá, que, atualmente, tem seis anos e foi a primeira fêmea de lince-ibérico a ser solta, no dia 16 de dezembro de 2014, a estabilizar território e a gerar a primeira ninhada, de uma cria, em 2016, no Parque Natural do Vale do Guadiana.
Em 2016 e 2017 nasceram um total de 16 crias, em meio selvagem, na área do Parque Natural do Vale do Guadiana, lembra o ICNF.
A reintrodução de lince-ibérico em Portugal enquadra-se no projeto transnacional “LIFE Iberlince”, que, “com as sucessivas confirmações de reprodução em meio natural, consolida um dos seus objetivos”, ou seja, conseguir estabelecer populações “estáveis e viáveis” da espécie na Península Ibérica.
O lince-ibérico é “uma espécie emblemática e ‘chapéu’ dos ecossistemas mediterrânicos” e a sua conservação e a gestão associada do seu habitat “permitem a preservação de muitas outras espécies da flora e da fauna, constituindo também uma oportunidade de promover o desenvolvimento dos territórios onde ocorre”, sublinha o ICNF.
Fonte: DN