Foram libertados mais dois linces-ibéricos em Mértola

Lince-ibérico - Lynx pardinus - ICNF

Mais dois linces-ibéricos foram libertados no Alentejo para reforçar a população selvagem da espécie a viver no Parque Natural do Vale do Guadiana (PNVG).Trata-se de uma fêmea, Paprika, nascida no Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico, em Silves, e de um macho do Centro La Granilla, em Espanha. 

Já este ano tinham sido soltos na natureza mais dois linces-ibéricos. As libertações destes felinos têm como objectivo restabelecer uma população selvagem autónoma, garantindo também uma diversidade genética adequada. 

O lince-ibérico é um dos felinos mais ameaçados do mundo. No entanto, devido à acção conjunta entre Portugal e Espanha, é possível ter hoje na natureza 650 linces em liberdade na Península Ibérica, diz a secretária de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Célia Ramos.

Ambos os animais que serão agora postos na natureza têm 11 meses e foram soltos na Herdade da Bombeira, no concelho de Mértola. Paprika nasceu em Março do ano passado no Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico, que desde 2009 trabalha na criação e reintrodução destes felinos em Portugal. Esta fêmea foi um dos linces que, com o incêndio de Monchique às portas do centro, acabou por ser transferida para Espanha. Regressou ainda antes do Natal sã e salva e foi agora libertada na natureza.

No Parque Natural do Vale do Guadiana há, neste momento, 63 linces-ibéricos. Destes, 37 são oriundos quer do Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico, quer de outros centros que existem em Espanha.

Além da introdução dos felinos no Vale do Guadiana, desde 2016, nasceram 45 animais em liberdade. Só em 2018 nasceram 29, sendo que um não sobreviveu. “Deveríamos ter 82 linces na natureza, mas temos algumas mortalidades”, diz Célia Ramos. Destes, 10 morreram e perdeu-se o rasto a outros 10, adianta. 

É precisamente para reduzir estas mortes, cuja causa principal é o atropelamento, que o Governo tem em curso uma nova candidatura ao programa LIFE, com parceiros de Portugal e Espanha, no valor de cerca de 20 milhões de euros.

Só este ano, já morreram dois linces atropelados. “A estrada fatídica é a Estrada Nacional 112, onde existe uma recta com cerca de oito quilómetros. É aqui que todos os linces são atropelados”, nota Célia Ramos. Segundo a governante, está a ser ultimado, em conjunto com a Infra-Estruturas de Portugal, um reforço da sinalização nas estradas para dar conta de que são zonas de atravessamento do lince-ibérico. Serão ainda colocadas barras sonoras para que quando um carro passe provoque ruído e trepidação e afaste os felinos da estrada.

Ainda assim, Célia Ramos destaca o “grande apoio” que as populações locais têm dado na reintrodução do lince. “Se numa primeira fase havia um certo receio relativamente ao lince, hoje são as populações os primeiros defensores da espécie”, admite. 

Fonte: Público

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