ICNF avisa que construção de estrada no Parque do Alvão tem que minimizar impactos sobre lobos

Lobo-ibérico - Rafael Marchante

Contestada pela Quercus, a obra a cargo da Câmara Municipal de Vila Real obteve parecer favorável condicionado por parte do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). A construção de 800 metros de estrada no Parque Natural do Alvão (PNA), reivindicada pelas populações locais, terá que decorrer entre agosto e fevereiro e apenas durante o dia para minimizar os impactos sobre o lobo.

A beneficiação deste caminho rural, uma obra que ficará a cargo do município de Vila Real, obteve parecer favorável condicionado por parte do ICNF. Os habitantes de quatro aldeias da freguesia de Ermelo, concelho de Mondim de Basto, lutam há mais de 20 anos por uma estrada de ligação a Vila Real. Em causa estão, neste momento, 800 metros de um estradão de terra batida que vão ligar as aldeias do Barreiro e de Lamas de Olo.

Fonte do ICNF disse à agência Lusa que a obra tem que ter em consideração o impacto sobre duas espécies: o lobo e a borboleta-azul-das-turfeiras. Neste sentido, a execução dos trabalhos terá que ser feita entre agosto e fevereiro, de modo a minimizar o impacto sobre a fauna, e terá que ser garantido de que não se verifiquem ruídos de maquinaria em período noturno, entre o pôr e o nascer do sol. Terá ainda que ser evitado o aumento da turvação dos cursos de água. O ICNF informou que a intervenção em causa se insere no “buffer” (região de memória temporária) de cinco quilómetros definido para preservar uma alcateia confirmada no âmbito do Censo Nacional do Lobo 2002/2003.

Na semana passada, a associação ambientalista Quercus lançou um alerta contra esta estrada, considerando que “trará efeitos negativos” para o lobo, que corre “risco de extinção a curto prazo” neste território. “É mais uma infraestrutura que trará efeitos negativos nas já ameaçadas alcateias, com a passagem de milhares de carros por ano em locais que atualmente têm uma intensidade quase nula de tráfego automóvel”, referiu o dirigente João Branco. O responsável referiu que vai ser promovida uma petição pública contra esta via e referiu que, em último recurso, a associação avançará com uma ação judicial para impugnar a sua construção.

Fonte: Público

 

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