Kahn, o lince ibérico, fez mais de 500 quilómetros para regressar a Portugal

Mapa - Kahn

Dois irmãos foram libertados em Toledo. Um regressou a casa, o outro foi a caminho dos Pirenéus.

Dois linces ibéricos irmãos foram libertados nos Montes de Toledo, no Centro de Espanha, juntamente com outros animais desta espécie no final do ano passado. Só que Kahn e Kentaro não se ficaram por ali e decidiram explorar a Península Ibérica. O primeiro dirigiu-se para sul e regressou a Portugal, onde nascera. Já o segundo viajou para nordeste e está perto dos Pirenéus, revela o projecto Life+Iberlince na sua página de Internet.

Os dois animais foram capazes de “demonstrar que o lince ibérico, especialmente os machos, tem uma grande capacidade de dispersão e as suas deslocações levaram-nos da província de Toledo até lugares tão distantes como Portugal ou a comunidade autónoma de La Rioja”, revela o site.

Os percursos dos dois animais foram identificados porque ambos trazem GPS nas coleiras, permitindo que fossem acompanhados e não só: os dados também possibilitam conhecer alguns parâmetros biológicos “essenciais para a conservação da espécie”. Kahn percorreu mais de meio milhar de quilómetros, desde final do ano passado, quando foi libertado em Espanha até ao Alentejo, tendo atravessado o rio Guadiana. Actualmente encontra-se na zona do Alqueva.

Os dados revelam que o lince foi capaz de fazer 25 quilómetros por dia e atravessar espaços diferentes e a alimentar-se de outros animais que não apenas o coelho, o que só diz bem da sua capacidade de sobrevivência. Na ausência de coelhos, o lince comia outros roedores e até mesmo veados.

No caso de Kahn – o lince que regressou a Portugal, onde nascera no Centro de Reprodução do Lince Ibérico em Silves – no dia em que foi libertado atravessou zonas altas de montanha, seguiu para o Parque Nacional de Cabañeros para chegar a La Jara. Mais tarde alcançou o Tejo, chegou a atravessá-lo e permaneceu alguns dias numa ilha. Semanas depois continuou o seu percurso, saindo da província de Toledo para Cáceres, meteu-se no Guadiana e chegou, já em Maio, a Portugal. Ao todo, foram 500 os quilómetros percorridos.

Por seu lado, Kentaro permaneceu mais tempo na zona onde foi libertado, mas, pouco depois, também se pôs a caminho. Não seguiu o irmão, mas foi para norte até chegar ao Tejo. Andou pelas províncias de Madrid, Cuenca e Guadalajara. Também ele atravessou o rio a nado, sempre para Norte. Mais tarde, explorou as províncias de Soria e Saragoça até chegar a La Rioja, onde permanece desde os primeiros dias de Maio.

Fonte: Público

 

,