Lince-ibérico: doença renal de origem desconhecida afecta animais em cativeiro

Lince-ibérico - JUNTA DE ANDALUCÍA

Uma doença renal crónica está a afectar pelo menos 20 dos 72 animais que vivem em cativeiro no âmbito do Programa de Conservação do Lince Ibérico, disse à TSF o director do Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico, Rodrigo Serra.

A doença crónica, de origem desconhecida, já provocou a morte a três linces ibéricos, em Espanha, sendo que também em Portugal, no Centro de Reprodução de Silves, foi identificado o caso de uma fêmea com um problema renal já trazido do território espanhol.

“Temos uma fêmea com insuficiência renal crónica, que já está em tratamento. Aproximadamente 30 por cento dos animais poderão estar afectados. É preocupante, houve uma combinação de circunstâncias, mas penso que isso não se vai repetir”, explicou o director do Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico, Rodrigo Serra, em declarações à TSF.

Os três linces mortos cresceram em cativeiro no âmbito do plano de acção criado em 2003 para a conservação do lince.

Mais de um terço dos 72 animais que actualmente vivem em cativeiro em Espanha apresentam sintomas que levam os especialistas a crer que estão a sofrer a mesma insuficiência renal crónica.

Veterinários e técnicos dos dois centros de conservação do lince ibérico em Espanha estão a investigar a misteriosa doença com a ajuda de especialistas para determinar a origem do problema e evitar o aparecimento de novos casos.

De acordo com Rodrigues Serra, as análises apontam, até ao momento, para um problema de origem tóxica.

“A grande maioria das vezes não se sabe exactamente o que causa a insuficiência crónica, mas as nossas suspeitas inclinam-se para um processo de origem tóxica, que possa ter passado pela comida, pelos suplementos vitamínicos. Vai demorar tempo a perceber a combinação de factores que levaram a este problema”, esclareceu.

O programa de conservação tem o objectivo de aumentar o número de felinos para poder devolvê-los à natureza. A reintrodução dos animais no seu habitat natural deverá arrancar ao longo deste ano.

Estima-se que existam 200 linces ibéricos a viver em estado selvagem, a maioria em parques naturais no sul de Espanha. No início do século XX existiriam cerca de 100 mil linces em Espanha e Portugal, segundo registos da época.

A urbanização, a caça e sobretudo uma doença que atingiu os coelhos, a principal fonte de alimentação destes felinos, provocou a quebra dramática da população de linces na Península Ibérica.

Portugal integra também o plano de acção para a conservação do lince ibérico, no âmbito do qual foi criado o Centro Nacional de Reprodução do animal em Silves. Ao abrigo deste projecto, foram transferidos em Novembro e Dezembro passado 16 linces de Espanha para Portugal.

Fonte: TSF

 

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