Há mais 53 animais para libertar em Portugal e Espanha ainda este ano e no princípio de 2016.
Portugal já tem onze linces ibéricos a viver em liberdade e deverá ter mais até ao final deste ano. Em Outubro serão planeadas, juntamente com Espanha, novas solturas de casais desta espécie (Lynx pardinus), que é única da Península Ibérica mas que tinha praticamente desaparecido ao longo do século XX.
Não faltam linces para soltar. Os centros de reprodução em cativeiro existentes em Portugal e Espanha – ao abrigo de um projecto comum de reintrodução do lince na natureza – estiveram mais activos do que nunca este ano. Nasceram 53 filhotes, dos quais 13 no Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico, em Silves, o único em Portugal.
“O programa atingiu em 2015 o maior número de crias em cativeiro”, afirma Sofia Castel-Branco, vogal do conselho directivo do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). Em 2014, nos cinco centros de reprodução da Península Ibérica, tinham nascido 36 crias. E entre 2005 e 2013, foram no total 236 – uma média de 26 por ano.
Com a reprodução em cativeiro a dar frutos, a vida dos animais em liberdade é o foco central do novo Plano de Acção para a Conservação do Lince Ibérico em Portugal, que está pronto a ser aprovado e vigorará até 2020.
Segundo Sofia Castel-Branco, o objectivo em Portugal é ter uma população viável de linces em liberdade – cerca de meia centena – capaz de se manter e multiplicar por si só. “Teremos de libertar em média oito a dez linces por ano, durante cinco anos”, afirma a dirigente do ICNF.
Desde Dezembro do ano passado, foram já libertados dez linces em Portugal, na zona de Mértola. Um deles, a fêmea Kayakweru, acabou por morrer envenenada, apenas duas semanas depois de ter sido solta. “Infelizmente em Portugal, os venenos, apesar de proibidos e apesar dos esforços de fiscalização, continuam pontualmente a aparecer”, disse o secretário de Estado do Ordenamento do Território e Conservação da Natureza, Miguel de Castro Neto, à margem de uma apresentação do novo plano para o lince em Lisboa, citado pela agência Lusa.
Os nove linces que restaram juntaram-se a outro que já vivia em Portugal pelo menos desde 2013, quando foi fotografado em Vila Nova de Milfontes. É Hongo, um lince nascido na Andaluzia e que acabou por se instalar na costa alentejana.
Outro lince solto em Espanha também preferiu tentar a sorte em Portugal. É Kahn, um macho nascido no centro de Silves, libertado na província espanhola de Toledo e que depois percorreu 500 quilómetros até chegar à fronteira portuguesa. Agora, já está na região de Alcácer do Sal. “Passou por auto-estradas, pelo Alqueva, por tudo”, afirma Sofia Castel-Branco.
O sucesso da reintrodução dos linces vai depender, em grande parte, da condição do habitat e da existência de coelhos-bravos, o seu alimento principal. “Estamos no início de um longo percurso. A reprodução é um sucesso, a reintrodução é um desafio”, afirma Sofia Castel-Branco.
Fonte: Público