A libertação de novos exemplares de lince no concelho de Mértola continua com a solta da fêmea Naira e do macho Noctulo, animais provenientes do Centro de Reprodução em Cativeiro de Zarza de Granadilla, da Junta de Extremadura, em Espanha.
Estes jovens animais vão juntar-se a outros linces que constituem o novo núcleo populacional da espécie em Portugal. Além dos 12 subadultos e adultos com território já estabelecido, existem também 5 linces nascidos na última primavera, as primeiras crias conhecidas nascidas no meio natural em Portugal, neste século. Duas fêmeas e dois machos, já identificados pelos técnicos através de foto-armadilhagem, pertencem todos à mesma ninhada, e são descendentes de Lagunilla, progenitora chegada ao Vale do Guadiana em 2015.
Cabe agora dar-lhes nomes, para mais facilmente reconhecer todos os animais monitorizados na natureza. Para tal, o ICNF dinamizou uma votação de nomes iniciados pela letra “N”, distribuindo boletins de voto junto das escolas, Câmara Municipal e Juntas de Freguesia do concelho de Mértola, pelos agentes locais do setor agrícola e ligados ao turismo, à semelhança do que foi realizado nos anos anteriores, desde o início do processo de reintrodução.
Nógado, nome mais votado pelos mertolenses e a escolha das crianças do pré- escolar de Mértola, será um dos machos da ninhada da Lagunilla, que apresenta uma pelagem de tipo intermédia (malhas negras largas e finas) e que presentemente já está independente e partilha o espaço do macho Luso, potencialmente seu progenitor.
Navarro, nome de uma localidade do concelho de Mértola, foi o nome mais votado pelo conjunto da população local e pelos funcionários do ICNF envolvidos no projeto “Recuperação da Distribuição Histórica do Lince Ibérico (Lynx pardinus) em Espanha e Portugal (LIFE+10/NAT/ES/000570 – Iberlince) e será atribuído também a um dos descendentes de Lagunilla, que permanece ainda no território desta progenitora.
Os participantes na votação de Mértola elegeram também o nome Neblina, pelo qual passará a ser conhecida uma das lince fêmea desta ninhada, e que já exibiu movimentos exploratórios fora do território que compartilhou com a progenitora e com os irmãos.
De entre os nomes femininos, Nuvem foi o segundo nome que reuniu consenso na votação e denominará a segunda fêmea desta ninhada de 2016.
Existe ainda uma quinta jovem lince, nascida em S. João dos Caldeireiros, a quem a equipa de seguimento do ICNF denominou “Nossa”, como símbolo de um novo património natural do concelho e português. Esta fêmea foi observada junto de Jacarandá e Katmandú, demonstrando a capacidade dos linces em manter estabilidade na escolha dos parceiros e exibindo comportamentos de reconhecimento familiar e convivência harmoniosa.
A libertação desta quarta-feira (22 de fevereiro) só é possível graças às disponibilidades dos proprietários em cuja herdade são abertas as caixas com os dois animais. O processo é também o resultado da colaboração entre equipas dos centros de reprodução em cativeiro e de seguimento no campo, bem como de entidades tais como a DireçãoGeral de Alimentação e Veterinária que colaboram no transporte e marcação dos animais entre Portugal e Espanha.
Durante 2017 serão libertados mais 4 linces nascidos em cativeiro, que se juntarão aos restantes 9 com nomes iniciados por “N”. Alguns poderão dispersar até estabelecer território, as fêmeas tornar-se-ão adultas em dois anos e poderão então reproduzir-se, sempre que condições como a tranquilidade e elevada abundância de coelho-bravo se mantiverem.
Estas ações estão integradas no projeto Life Iberlince, co-financiado pela Comissão Europeia, e que reúne parceiros portugueses e espanhóis com o objectivo de promover o regresso do lince-ibérico a muitos territórios da Península Ibérica, onde desapareceu.
Fonte: ICNF