Os animais “nasceram em 2020, em três dos quatro centros de reprodução em cativeiro existentes na Península Ibérica”. O ano de 2020 foi “particularmente favorável ao lince em Portugal.
Sete exemplares de lince-ibérico, espécie considerada como “Criticamente em Perigo” em Portugal, vão ser libertados este mês no país, o total do ano, anunciou esta terça-feira o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Numa nota de imprensa, o ICNF informa que a época de soltas de lince-ibérico no país tem início esta terça-feira, com a libertação de dois de sete exemplares, num programa que “continuará até ao final do mês, na área de reintrodução do Vale do Guadiana”.
Segundo o ICNF, os exemplares a soltar “nasceram em 2020, em três dos quatro centros de reprodução em cativeiro existentes na Península Ibérica”.
Dois exemplares machos provêm de El Acebuche e três exemplares fêmeas de La Olivilla, na Andaluzia, Espanha, adianta a nota, referindo que outros dois exemplares machos nasceram no Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico, do ICNF, localizado em Silves, no Algarve.
“As áreas de solta definidas para 2021 foram selecionadas com base em critérios técnicos de existência de habitat adequado e de disponibilidade de alimento para os linces e contaram com as valiosas colaborações do Regimento de Infantaria n.º 1 de Beja e da Câmara Municipal de Mértola, traduzidas na permissão de realização de parte das soltas, em terrenos sob a sua jurisdição”, assinala o ICNF.
O instituto explica que 2020 foi “particularmente favorável ao lince em Portugal, com o nascimento de 60 crias em meio natural e o estabelecimento de 18 fêmeas reprodutoras com territórios estabilizados”, tornando o Vale do Guadiana numa das “áreas de reintrodução com maior sucesso a nível ibérico”.
“De facto, passados seis anos sobre o início da reintrodução do lince-ibérico em Portugal, este núcleo populacional evidencia um crescimento sustentado, reunindo mais de 150 exemplares que se distribuem por quase 500 quilómetros quadrados”, acrescenta.
O ICNF observa que, para esta situação, “tem contribuído a colaboração de proprietários e de gestores de herdades e de zonas de caça, uma gestão sustentável do território, a abundância de coelho-bravo, uma atitude favorável evidenciada pela população local à presença do lince e a conectividade da população de linces do Vale do Guadiana com as presentes noutras áreas de Espanha, fundamental para o incremento da variabilidade genética”.
A área de reintrodução em Portugal foi selecionada em 2014, no âmbito do projeto LIFE Iberlince.
“A área do Vale do Guadiana compreende territórios dos concelhos de Mértola, Serpa e zonas adjacentes, para onde os linces se dispersaram naturalmente, situadas nos concelhos de Alcoutim, Castro Verde e Beja”, acrescenta a nota de imprensa.
De acordo com o ICNF, “estas áreas estão agora a ser consolidadas, ampliadas e interligadas no âmbito do novo projeto LIFE Lynxconnect, liderado pela CAGPyDS da Junta de Andaluzia, iniciado em setembro de 2020”, e que, em Portugal, congrega como parceiros, além do ICNF, a Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo e a Infraestruturas de Portugal.
À Lusa, o ICNF adiantou que, “em 2017, como resultado do trabalho realizado por Espanha e Portugal, o estatuto de conservação do lince-ibérico na Península Ibérica desceu um nível, passando a ‘Ameaçado'”.
“No entanto, em Portugal o seu estatuto ainda se mantém inalterado, mantendo-se como ‘Criticamente em Perigo'”, acrescentou.
Fonte: TSF